quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Ônibus, arrependimento e o que as duas coisas têm a ver.

 
   Sabe aquele momento em que você está confuso e frustrado, entra no ônibus, liga seu iPod (ou o que quer que você tenha), coloca na opção de músicas aleatórias e de repente se vê em um momento em que todas as confusões ficam claras como água? Então, isso aconteceu comigo hoje. É aquele momento perfeito em que nos sentimos à sós com Deus, em um lugar lotado. Lotado mesmo. Aquele momento em que milagrosamente nos sentimos em paz. 
   Claro que esse processo todo inclui algumas etapas. Primeiro, a frustração. E para se sentir frustrado, você precisa pensar em algo que não vai bem. O segundo passo é a inquietação. Ansiedade. Nervosismo. E o terceiro passo na verdade é uma escolha. Ou você se entrega à auto-comiseração e se deixa pensar no quão coitado você é por ter uma vida tão difícil; ou você reflete racionalmente no que está acontecendo, se arrepende e pensa no que fazer para melhorar. A diferença é a seguinte: no livro A Ditadura da Beleza e a revolução das mulheres, de Augusto Cury, li algo muito interessante hoje. O psiquiatra diz à sua paciente: "Não tenha medo de entrar em contato com suas falhas, mas tenha cuidado, pois a culpa destrói ou constrói. Se a dose da culpa for pequena, ela nos estimula a refletir ou corrigir as rotas, mas, se for intensa, bloqueia a inteligência e promove a depressão." Na primeira opção desse terceiro passo, pensamos no que fizemos e corrigimos o que está errado. Usamos a razão. Na segunda, paramos no que fizemos. Usamos as emoções. E pronto. A depressão vem logo em seguida. 
   Enfim, deixe-me explicar o que aconteceu comigo hoje. Na verdade, foi uma semana de lutas. Foi uma semana de falta de domínio próprio, irresponsabilidade e escolhas erradas. Foi uma semana frustrante. Fracassada. PERDIDA. Me pesei na Terça. Engordei. Não disse nada. Não fiz nada. Mas dentro de mim, dei lugar à tristeza e hoje me dei conta que pensei exatamente o que luto tanto para não pensar: "ah, já que eu não emagreci mesmo, vou dar uma relaxada essa semana." Eu deliberadamente ESCOLHI que, por essa semana, deixaria pra lá. Iria descansar (só que não). E hoje, Quinta-feira, tudo me veio como uma bomba. Todas essas verdades me encontraram logo que acordei. Lutei com elas o dia inteiro. Fiquei frustrada, dei vazão à pensamentos que não são verdadeiros: Eu sou um fracasso. Eu nasci para ser gorda. Eu nasci para desistir sempre. 
   Mas isso não é verdade. Eu NÃO sou um fracasso. Eu NÃO nasci para ser gorda. Eu NÃO nasci para desistir sempre. A verdade é que Deus me criou (e a todos nós), perfeita e maravilhosamente: "Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza. Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir." Essa passagem está em Salmos 139:13-16. Depois leiam o Salmo inteiro. Vale a pena! 
   Deus nos escolheu para ser exatamente como somos. Tudo que somos, fomos e seremos. Deus sabe todos os nossos dias. Deus sabe de todas as formas nas quais precisamos ser transformados, e sabe até quando nos transformar. Deus nos conhece melhor (muito melhor) do que conhecemos nós mesmos. E é para esse Deus maravilhoso que quero viver minha vida! 
   Não quero em momento algum falar sobre algo que não pretendo viver. Também não quero dar desculpas. Mas a verdade é que perseverar é algo difícil. Mais do que eu imaginava. Quando se começa qualquer projeto, tudo são flores. A vontade de fazer exercícios existe, e fica mais fácil comer melhor do que se imaginava. Mas à medida que os dias passam, a esteira adquire cara de monstro e o alface fica amargo. E é nessa hora que a decisão tem que ser tomada. A decisão de não parar. De aceitar a dor. De experimentar a dor de "morrer" pela causa de Cristo. E quando o motivo pelo qual estamos fazendo é Cristo, a verdade se torna promessa, e parar não é mais uma opção. E é por Ele que estou fazendo. Não vou parar. Não vou desistir. Vou continuar nadando, igual a Dori ensinou! 
   Quero terminar esse texto com uma parte de uma das músicas que ouvi e que me fizeram pensar em todas essas coisas que disse. Tinha mais a dizer, mas já tem muito para refletir aqui. A música se chama What Life Would Be Like (Como a vida seria), e é de um dos músicos mais sensacionais que conheço, Big Daddy Weave: "E se eu pudesse me consertar? Talvez então eu seria livre. Eu poderia tentar ser outra pessoa muito melhor do que eu. Mas preciso me lembrar de que é quando eu estou no meu ponto mais fraco que eu vejo claramente: Ele fez o coxo andar e o mudo falar, abriu olhos que eram cegos; que o sol nasce no tempo dEle e ainda assim Ele conhece as nossas necessidades mais profundas..." 
   Deus é poderoso! Muito! Eu não consigo imaginar alguém que fez cada uma das bilhões de pessoas que existem, já existiram e vão existir na terra. Cada uma dessas pessoas únicas, com histórias e personalidades diferentes. Como será o Deus que criou tudo isso? E sabe qual o mais impressionante disso tudo? Deus ME conhece! Assim como Ele conhece você! E Ele quer ter um relacionamento conosco. Ele quer nos lembrar todos os dias e todos os momentos, difíceis ou alegres, que Ele nos ama, e que está pronto a nos ajudar e atender às nossas necessidades mais profundas. 
   E, olha, quer você admita ou não, a sua necessidade mais profunda é DEUS! Eu já aceitei essa verdade. E luto para vivê-la com minha vida. E você? Quando você vai aceitar que precisa de Deus? 

"Aguardo ansiosamente e espero que em nada serei envergonhado. Pelo contrário, com toda a determinação de sempre, também agora Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida quer pela morte; porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro."
Filipenses 1:20-21 (NVI)


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Camões e esperança

Meu professor de literatura sempre fala que "a poesia é a emoção recolhida na tranquilidade". Tenho lido poemas, e pelo menos um dos centenas de poemas que leio durante a semana toca o meu coração profundamente. O dessa semana eu resolvi postar! Ele é de Luís de Camões, não tem título, e foi traduzido por Antônio Ferreira.

"Busque Amor novas artes, novo engenho, 
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças, 
que mal me tirará o que eu não tenho. 

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças, 
andando em bravo mar, perdido o lenho. 

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê. 

Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei de onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê."

Fiquei pensando nas minhas esperanças...Por algum tempo, eu acho que perdi a esperança. Algo que não se consegue apagar da memória, e da vida inteira, gera falta de esperança. E eu a tive em minha vida por alguns dias, uma desesperança de doer o coração. Mas percebi uma coisa: a minha segurança é Cristo, e nEle eu posso ter esperança!

E quando se acredita nisso, meu amigo, não se perde a esperança jamais! Deus é eterno, bom, compassivo, maravilhoso, meu redentor, e meu melhor amigo! Só Ele pode transformar a falta de esperança em esperança, e a dor em alegria novamente. e um pecador em alguém puro. 

E então não há mais desgosto, nem falta de esperança, nem falta de amor. Porque o que era ruim foi lavado pelo sangue de Jesus e, além disso, "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus"!

Talvez esse poema com essa mensagem seja viagem demais. Talvez. E talvez só eu entenda esse post. O que aconteceu na minha cabeça entre o poema e a mensagem, foi muito mais comprido e complicado do que as palavras podem expressar. Mesmo assim, é um poema lindo, e uma mensagem melhor ainda! Apegue-se à segunda! Ela pode mudar a sua vida! 

Fui.

terça-feira, 15 de maio de 2012

O Caminho mais Excelente!



Orgulho, vaidade, falta de perdão, individualismo, egoísmo. Todas essas são coisas que permeiam o mundo em que vivemos hoje. Os valores estão trocados e o amor, sendo esquecido. Em I Coríntios, existe um dos textos mais importantes da Bíblia sobre o amor. A carta aos coríntios, escrita por Paulo, foi uma carta de correção. Paulo estava corrigindo o caminho dos cristãos de Corinto. Ela corrige os cristãos em relação a várias coisas, sendo uma delas o amor. O texto em que ele o faz se encontra em I Coríntios 13, e diz assim:

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá. O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.”

Paulo inicia seu texto dando várias hipóteses: imagine pessoas que falassem todas as línguas, conhecessem todas as coisas, tivessem uma fé capaz de mover montanhas, tivessem todos os dons, dessem tudo o que têm. Mesmo assim, sem amor, essas pessoas não seriam nada. Assim também somos nós. Mesmo que fizéssemos tudo certo, e soubéssemos todas as coisas, não seríamos nada sem amor. Paulo destrói aqui com a nossa religiosidade. Religiosidade não leva a lugar algum, mas sim o amor a Deus e a entrega da nossa vida a ele.

Paulo segue explicando o que é o amor, e diz que tudo passará, mas o amor permanecerá eternamente. Ele também segue falando de como suas atitudes como cristão maduro mudaram em relação a quando ele era apenas uma criança na fé. As crianças vivem para si mesmas, sem se preocupar com a necessidade do próximo. Devemos sempre nos preocupar em não continuar sendo crianças na nossa fé, e sim crescer, e nos tornarmos maduros na fé.

Paulo fecha o texto com um versículo que é devastador para qualquer pessoa que seja apenas religiosa: “Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.”. O amor é maior até mesmo do que a nossa própria fé! O amor é um caminho mais excelente até mesmo do que a fé. E existem duas coisas que devemos entender sobre o amor, duas atitudes que devemos tomar em relação a ele:

1)    Amar a Deus acima de todas as coisas.
A Bíblia diz que Deus É amor. Quando nos comprometemos com Cristo, estamos nos comprometendo com o amor. Não tem jeito de amar realmente estando fora de Cristo, e também não tem como se comprometer com Cristo e não amar completamente. Nosso coração tem que ser convertido de um coração enganoso para um coração que está aberto para o Senhor, e nada pode nunca ser maior do que Deus na nossa vida. Se algo é maior do que Deus em nossas vidas, então não amamos completamente da forma como somos chamados a fazer.

2)    Amar ao próximo como a si mesmo.
A Bíblia não fala sobre amor próprio, porque ela já assume que temos amor próprio em quantidade suficiente. Tanto que nós devemos amar ao outro assim como amamos nós mesmos. Da mesma forma que gostaríamos de ser tratados, deveríamos tratar também.

A pergunta que nos resta é: temos amado da forma como Deus quer que amemos? Quando as pessoas olham para nós, será que elas vêem amor? O nosso próximo deve ser alvo do nosso amor. Para o cristão, não há escolha. Devemos amar, pois foi mandamento do Senhor para as nossas vidas. Deixe que essa teoria bíblica passe a fazer parte de sua vida diária. Ame da forma como Deus quer que você ame! 

Texto extraído do Vivendo Melhor da Igreja do Coração
www.igrejadocoracao.com

quarta-feira, 14 de março de 2012

Dia Nacional da Poesia

Hoje, em homenagem ao dia nacional da poesia e também ao meu brilhante professor de Teoria da Literatura II, que é quem me deu toda a vontade que tenho de ler poesia, eu resolvi me aventurar no mundo poético e postar um poema de Carlos Drummond de Andrade. Faz mais ou menos uma semana que li esse poema, e por algum motivo ainda desconhecido, ele não me sai da cabeça. 
Então, anteontem, estávamos eu e meu pai sentados na sala de casa (seria muito mais poético se fosse na varanda, eu sei) e eu li o poema para ele. Acabamos fazendo uma leitura do poema que eu não havia feito até então, e eu resolvi que escreveria ele aqui. Não haveria oportunidade melhor do que essa para postá-lo aqui. Espero que gostem! 

O Elefante

Fabrico um elefante 
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio. 
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê nos bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais. 
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho. 
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há na cidade
alma que se disponha
a recolher em si 
desse corpo sensível
a fugitiva imagem, 
o passo desastrado
mais faminto e tocante. 

Mas faminto de seres 
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos,
esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento, 
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó. 
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me. 
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel. 
A cola se dissolve
e todo seu conteúdo
de perdão, de carícia, 
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado. 
Amanhã recomeço. 

Pense no elefante como uma pessoa. Alguém, sem nome, sem rosto, sem nada. Apenas alguém. Alguém doce, amável e verdadeiro. E esse alguém sai, "à procura de amigos", mas não os encontra, pois o mundo "já não crê nos bichos". O mundo é exigente, descrente, apressado. Ninguém olha, se preocupa e muito menos é amigável com um pobre elefante que, imperfeito e frágil, está à procura de amigos. E todas aquelas coisas de que o elefante precisava e com as quais ele sonhava, ele volta sem tê-las. "Eu e meu elefante, em que amo disfarçar-me." E tudo aquilo que o elefante era antes de sair pelo mundo à procura de amigos (doce, amável, verdadeiro...), se dissolve. Mas a boa notícia, no final do poema, é "amanhã recomeço". Amanhã recomeço o que era o início do dia, amanhã volto a ter esperanças e sonhos, e construo outro elefante que possa sair no mundo à procura de amigos. Talvez um dia se encontre enfim um amigo. 

Me lembrei agora de um versículo da Bíblia que dia que "o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã". Acho que é mais ou menos a mesma coisa. Amanhã recomeço. Nós sempre recomeçamos, graças a Deus! 

Então essa foi minha singela leitura desse poema tão bonito! Considerações ou opiniões, comentem ou mandei e-mail para blogrejoiceongod@gmail.com . Será um prazer enorme receber suas considerações! 

Fui.