“36
semanas. Falta um mês! Fala sério, não vai ser difícil esperar SÓ mais QUATRO
semanas.” Foi exatamente o que passou pela minha cabeça duas semanas atrás,
quando atingi aquele momento tão esperado das 36 semanas. Faltava tão pouco que
parecia que eu podia sentir! Afinal, o tempo do ano correu tanto até aqui; ia
passar rapidinho.
Mas
é nesse momento que o tempo dobra. As horas não têm mais 60 minutos, mas 90,
120. A barriga fica pesada, as contrações de treinamento incomodam, as costas
doem, os pés começam a inchar. A gravidez traz ansiedade, muita. E no final, as
ansiedades estão no seu auge: “quanto será que vai doer? Será que eu vou agüentar?
E se acontecer algo com o bebê? E o filho mais velho, vai ficar bem enquanto eu
estiver no hospital? E quando a gente voltar pra casa, como vai ser?” Nos
preocupamos com coisas que nem sabíamos existir, preocupações que você não
achava que existia espaço na sua cabeça para elas.
E
aí começam as contrações de verdade (essa parte é tão diferente do que os
filmes mostram que agora vou rir em todas as cenas de parto da ficção). A
impaciência aumenta. Os dias demoram meses para passar e você sente que seu
corpo é uma incógnita para você. Você descobre o quanto conhece pouco sobre o
que seu próprio corpo faz e sente que ele não está entendendo o que você quer
que ele faça. Nas minhas leituras sempre via que as doulas falavam: “confie no
seu corpo.” Hoje entendo por que. A confiança de que seu corpo entende melhor
do que você o que está havendo e o que você precisa se torna necessária nessa
altura do campeonato.
O
que percebi ontem, no meio da noite, em horas de contrações dolorosas que
desenvolveram para lugar nenhum é que em última instância, ter confiança no seu
corpo é ter confiança em Deus. No Deus que criou o corpo humano, que criou o
parto, que criou os hormônios. Que conhece meu corpo desde o ventre e, de igual
forma, criou o corpinho, a personalidade e o parto da minha filha. Eu posso não
saber o que vai acontecer na hora do parto, na sala de parto. Eu não sei a dor
que vou sentir, não sei quanto tempo meu parto vai demorar, se vou conseguir
meu parto normal ou se vou acabar precisando de intervenção. Mas Deus sabe!
Porque Ele é Senhor de tudo.
Percebi
também que a espera, apesar de dolorosa, é boa. Porque é onde vemos a força do
Senhor. Os momentos em que geralmente mais buscamos a Deus é em meio ao
sofrimento. E em meio ao sofrimento vemos a agir de Deus de forma mais palpável
e real. Na verdade, Isaías 40:31 diz: “mas
aqueles que esperam no Senhor renovam suas forças. Voam alto como águias;
correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam.” É Deus que renova
nossas forças, quando elas estão baixas, quando a esperança parece sumir.
Muitas
foram as vezes na última semana (na gravidez a gente vive um dia de cada vez,
forçadamente) em que eu pensei: “não tem jeito. Eu nunca vou conseguir o parto
normal. Não agüento mais esperar, não sei o que meu corpo ta fazendo, me dando
todos os sinais errados.” Como enche a minha alma de alegria ter um Deus que me
ouve mesmo que eu esteja resmungando sozinha e que responde com uma voz suave
que vem de dentro do coração: “Calma, filha, estou aqui. Tá tudo certo.” Como é
bom ter um Deus que usa outras pessoas para te acalmar, para te dizer coisas
boas, para fazer o inimaginável e juntar uma galera pra orar por você no minuto
que você fala que está cansada e com medo (a Igreja é uma instituição
fantástica!!! =) ).
O
que tenho aprendido nas últimas semanas e mais particularmente nos últimos dias
é que mesmo que sua esperança e sua fé estejam baixas, Deus é sempre presente!
Ele é fonte inesgotável de esperança, de alegria, de amor, de paz. Esperar, por
qualquer coisa que seja, é muito ruim. Mas a confiança em Deus nos leva mais
longe! “Confie no Senhor de todo o seu
coração e não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos
os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.” (Provérbios 3:5-6)