Ontem, mais ou menos às 15:30, uma professora (tenha em mente que o salário é baixo, a carga horária é gigante e os alunos estão cada vez mais desrespeitosos) estava sofrendo uma tentativa de homicídio por seu aluno de 10 anos. 10 anos! Sabe o que eu fazia quando tinha 10 anos? Brincava de boneca, andava de patins e estudava. E nossa, como eu era feliz!
Não é meu dever julgar esse aluno. Não sei qual eram suas dificuldades, seus desafios como estudante e colega, nem qual era sua situação familiar. Também não cabe a mim julgar se ela era uma boa professora, se tinha prazer em dar aula, se era gentil e educada com seus alunos (porque, sinceramente, só merece o meu respeito uma professora que respeita no intuito de ser respeitada) mesmo quando eles não o eram.
Mas essa situação trouxe uma questão à minha mente: disciplina. Disciplina, de acordo com o "pai dos burros" quer dizer: "ordem, respeito, obediência às leis." Também existe um verbo relacionado à disciplina. O verbo disciplinar, ainda de acordo com o dicionário, quer dizer "que diz respeito à disciplina, corrigir, fazer obedecer, organizar." Tenho plena consciência de que, no mundo em que vivemos hoje, esse valor tem sido esquecido. Os pais já não disciplinam seus filhos, por medo de serem menos amados. Os professores também não disciplinam como deveriam, por medo (e tenha em mente que, somente no último ano, em Minas Gerais, um professor de uma universidade particular foi morto por dar uma nota baixa a um aluno, a diretora de uma escola levou chutes e foi ameaçada de morte, e uma professora de ensino fundamental sofreu uma tentativa de homicídio, além de casos de extremo desrespeito que são de meu conhecimento). E, que ironia, nem mesmo os que na escola são chamados de disciplinários disciplinam.
Na escola onde estudei, apenas um disciplinário (e ele só foi meu disciplinário durante 2 anos antes de aposentar) tinha o respeito de todos. Não existia um aluno que não tinha medo de ir para a sala dele, ou mesmo de se encontrar com ele na rua. Se você fosse sem uniforme, levava para casa, de presente, um encaminhamento. Se você fosse uma terceira vez sem uniforme, voltava para casa. Ele era o tipo de disciplinário que saía nas ruas para procurar todos os adolescentes que estivessem se agarrando pela rua, ligava para os pais e mandava notificação. A disciplina dele funcionava. Essa escola, particular, era uma escola muito melhor antigamente.
E não se fazem mais disciplinários como antigamente. Hoje em dia, nessa mesma escola, os disciplinários fazem passar despercido muitas coisas erradas que os alunos fazem. Na minha percepção, é medo de perder o aluno (e o valor pago por ele todos os meses). Por medo de perder o aluno, nos sujeitamos, e também os professores, a passar por constrangimentos e situações de perigo em relação aos alunos. Ao invés de autoridade, passamos a ter autorização dos alunos. E os disciplinários, que deveriam mostrar autoridade e demandar respeito, passam a ser motivo de chacota e os alunos passam a vê-los como alguém a quem você nunca vai precisar ouvir.
Não foi surpresa nenhuma para mim quando, ao ler sobre o melhor colégio do Brasil, que alcança 100% de aprovação no vestibular, descobri que ele é também o colégio mais rígido no nosso país. Lá nenhum aluno levanta a voz para o professor, e não fazer dever de casa é sim, algo muito sério.
A educação no Brasil precisa mudar. Isso é um fato. E para isso, não podemos ter medo. Nem os professores, nem a direção das escolas, nem os disciplinários. Disciplina é coisa séria, e se esses adolescentes e crianças nunca tiverem uma autoridade sobre eles que realmente demande disciplina e respeito, as coisas nunca vão ser diferentes...
Jesus está voltando. Não tenho dúvidas disso.
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Deus é bom todo o tempo e todo o tempo Deus é bom.
Fui.
( Um último recado para todos os professores em greve: voltem ao trabalho. Vocês escolheram sua profissão, quiseram ser professores e dar sangue por esses meninos. Acredite, eu sei: é muito difícil ser professor hoje em dia. E concordo plenamente que o salário é uma micharia. Mas já faz 3 meses que os alunos estão sem aula e os professores sempre dizem se preocupar com o aluno. Uma escola em Belo Horizonte tem uma frase na porta que diz: "Só desperta a paixão de aprender quem possui a paixão de ensinar". Se sua paixão é ensinar, volte à sala de aula e dê suas aulas. Lutem sim por seus direitos, mas encontrem outra forma. Não façam os alunos pagarem o preço por uma coisa que não cabe a eles.)
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