quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A Angústia na Espera


“36 semanas. Falta um mês! Fala sério, não vai ser difícil esperar SÓ mais QUATRO semanas.” Foi exatamente o que passou pela minha cabeça duas semanas atrás, quando atingi aquele momento tão esperado das 36 semanas. Faltava tão pouco que parecia que eu podia sentir! Afinal, o tempo do ano correu tanto até aqui; ia passar rapidinho.
Mas é nesse momento que o tempo dobra. As horas não têm mais 60 minutos, mas 90, 120. A barriga fica pesada, as contrações de treinamento incomodam, as costas doem, os pés começam a inchar. A gravidez traz ansiedade, muita. E no final, as ansiedades estão no seu auge: “quanto será que vai doer? Será que eu vou agüentar? E se acontecer algo com o bebê? E o filho mais velho, vai ficar bem enquanto eu estiver no hospital? E quando a gente voltar pra casa, como vai ser?” Nos preocupamos com coisas que nem sabíamos existir, preocupações que você não achava que existia espaço na sua cabeça para elas.
E aí começam as contrações de verdade (essa parte é tão diferente do que os filmes mostram que agora vou rir em todas as cenas de parto da ficção). A impaciência aumenta. Os dias demoram meses para passar e você sente que seu corpo é uma incógnita para você. Você descobre o quanto conhece pouco sobre o que seu próprio corpo faz e sente que ele não está entendendo o que você quer que ele faça. Nas minhas leituras sempre via que as doulas falavam: “confie no seu corpo.” Hoje entendo por que. A confiança de que seu corpo entende melhor do que você o que está havendo e o que você precisa se torna necessária nessa altura do campeonato.
O que percebi ontem, no meio da noite, em horas de contrações dolorosas que desenvolveram para lugar nenhum é que em última instância, ter confiança no seu corpo é ter confiança em Deus. No Deus que criou o corpo humano, que criou o parto, que criou os hormônios. Que conhece meu corpo desde o ventre e, de igual forma, criou o corpinho, a personalidade e o parto da minha filha. Eu posso não saber o que vai acontecer na hora do parto, na sala de parto. Eu não sei a dor que vou sentir, não sei quanto tempo meu parto vai demorar, se vou conseguir meu parto normal ou se vou acabar precisando de intervenção. Mas Deus sabe! Porque Ele é Senhor de tudo.
Percebi também que a espera, apesar de dolorosa, é boa. Porque é onde vemos a força do Senhor. Os momentos em que geralmente mais buscamos a Deus é em meio ao sofrimento. E em meio ao sofrimento vemos a agir de Deus de forma mais palpável e real. Na verdade, Isaías 40:31 diz: “mas aqueles que esperam no Senhor renovam suas forças. Voam alto como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam.” É Deus que renova nossas forças, quando elas estão baixas, quando a esperança parece sumir.
Muitas foram as vezes na última semana (na gravidez a gente vive um dia de cada vez, forçadamente) em que eu pensei: “não tem jeito. Eu nunca vou conseguir o parto normal. Não agüento mais esperar, não sei o que meu corpo ta fazendo, me dando todos os sinais errados.” Como enche a minha alma de alegria ter um Deus que me ouve mesmo que eu esteja resmungando sozinha e que responde com uma voz suave que vem de dentro do coração: “Calma, filha, estou aqui. Tá tudo certo.” Como é bom ter um Deus que usa outras pessoas para te acalmar, para te dizer coisas boas, para fazer o inimaginável e juntar uma galera pra orar por você no minuto que você fala que está cansada e com medo (a Igreja é uma instituição fantástica!!! =) ).

O que tenho aprendido nas últimas semanas e mais particularmente nos últimos dias é que mesmo que sua esperança e sua fé estejam baixas, Deus é sempre presente! Ele é fonte inesgotável de esperança, de alegria, de amor, de paz. Esperar, por qualquer coisa que seja, é muito ruim. Mas a confiança em Deus nos leva mais longe! “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.” (Provérbios 3:5-6)